Venda direta perde para as franquias
As encomendas feitas pelas empresas de vendas diretas às indústrias de higiene e beleza cresceram apenas 4,3% até agosto, na comparação com 2010. Por outro lado, as franquias, que vendem cosméticos em shoppings e lojas de rua, tiveram desempenho surpreendente: crescimento de 31,7% no mesmo período, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
“A venda direta, que sempre liderou o crescimento do setor, teve um desempenho bastante sofrível e puxou nosso crescimento para baixo”, diz o presidente da Abihpec, João Carlos Basilio. Em valor, o setor deve avançar entre 9,3% e 9,4%, bem abaixo dos 11,6% do ano passado.
Em 2011, Avon e Natura assumiram tropeços na tentativa de modernizar a logística operacional. “Foi um ano diferente, houve muitas mudanças estruturais nas empresas e o fato é que crescemos menos do que prevíamos”, afirma Rodolfo Guttilla, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Venda Direta (ABEVD).
As vendas também foram afetadas, segundo Gutilla, pelo endividamento significativo da população com bens de consumo duráveis ao longo de 2010, que teria resultado em uma contenção nos gastos com as revistinhas de produtos neste ano.
Além disso, os bons resultados dos cosméticos atraíram a concorrência. “O mercado está bastante ativo, com marcas entrando em categorias que não atuavam. Se você é o líder, é você quem perde”, diz Gutilla, afirmando que a cada R$ 10 vendidos em batons, por exemplo, R$ 8 vão para as empresas de venda direta. O segmento de maquiagens foi um dos que atraiu as franquias em 2011, tradicionalmente mais fortes em colônias.
Mesmo com as dificuldades do ano, Gutilla considera que o modelo de vendas diretas é vencedor. O Brasil é o quarto maior do mundo nesse canal. A expectativa é fechar o ano com três milhões de consultoras. “Esse é um momento de renovação, temos que tirar proveito das novas tecnologias. Essa é a tendência mundial para o setor”, afirma. (LS)