*Por Marcelo Alves
O artigo anterior “O que é importante saber sobre Marketing Multinível
”, publicado no portal Mundo do Marketing, em 14/04/2013, originou alguns comentários de pessoas interessadas em conhecer mais a respeito de negócios específicos que atuam em nosso país, caracterizados como marketing multinível. Achei muito importante o interesse e a manifestação dessas pessoas e concluí que é mais oportuno ampliar a informação em minha resposta, publicando este artigo complementar, que me permite ser mais detalhista do que seria possível em um breve espaço para comentários. A recomendação às pessoas que tenham dúvidas em relação ao posicionamento, regras e proposta de atuação de determinadas empresas que alegam atuarem sob o modelo de marketing multinível é que considerem os pontos de atenção destacados no artigo anterior.
Existe uma política clara de “refund” que garanta o resgate do investimento inicial, em caso de desistência? O modelo de negócio sinaliza ganhos reais provenientes da comercialização de um bem ou serviço, ganhos estes que podem ser adicionalmente maximimizados pelos resultados de vendas obtidos por sua equipe, ou promete apenas ganhos que dependem totalmente da entrada de novos membros em uma rede?
O modelo induz ao pagamento de taxas de adesão, exige pagamento de ingressos em alguma palestra ou cobra aquisição de itens intangíveis, valores os quais só podem ser recuperados com o recebimento de parte dos investimentos feitos por pessoas apresentadas para entrar na rede?Existem diversos artigos na internet detalhando informações relevantes sobre empresas que estão sob investigação da Polícia Federal, do Ministério Público e da Secretaria de Acompanhamento Econômico, algumas que inclusive tiveram de encerrar suas operações no país. Porém, é muito importante analisar em detalhe o assunto, pois em alguns casos o problema pode estar na conduta e opção de trabalhos adotados por um parceiro local, ou de pessoas que assumiram o processo de montagem das redes no país, convenientemente desconsiderando regras e práticas sérias adotadas pelas empresas em seus países de origem, não refletindo necessariamente o escopo total da mecânica multinível original daquele negócio. O que é pior: estes líderes podem, por uma opção e ambição particulares, estar distorcendo os princípios do marketing multinível – cuja essência e princípios em nada endossa o funcionamento fraudulento e lesivo das pirâmides financeiras.
Também não se deve interpretar de forma simplista as reclamações propagadas por pessoas que eventualmente não entenderam o sistema e tiveram problemas porque se deixaram levar pela parte conveniente e voltada ao lucro fácil do discurso de um líder de rede, assim como não se pode confundir os resultados negativos decorrentes da prática distorcida ou mal-intencionada, baseada na adoção de apenas partes convenientes de uma lógica de negócios maior e lícita, com os princípios reais dessa lógica de negócios como um todo.
Infelizmente, ainda existe o risco de empresas que ainda não atuam no Brasil ingressarem na Venda Direta, por intermédio de empreendedores não ligados diretamente à corporação, e terem seus modelos distorcidos, simplificados ou indevidamente manipulados por tais pessoas com foco apenas na geração de ganhos proporcionados especificamente por taxas de adesão e bônus de pontuações obtidos pela indicação de novos membros para a rede – processo que fatalmente gera ganhos efetivos para apenas uma parte dessas redes.
Isso aconteceu na década de 1980 com empresas sérias, que tinham e ainda têm produtos reais, e que infelizmente tiveram sua reputação atingida até os dias de hoje. Nos Estados Unidos é comum as empresas de Venda Direta divulgarem em seus websites dados sobre tamanho da rede, histórico de atividade dessa rede, ganhos brutos, líquidos e média de comissionamento distribuído, como uma prática saudável que afiança a lisura de suas operações e modelo. Certamente, sendo a quarta do mundo, a Venda Direta brasileira caminha para atingir esse nível, o que enfim filtrará a conduta das empresas e dos empreendedores que decidirem trazer novos negócios e modelos para nosso país.
*Artigo de Marcelo Alves, diretor de marketing e tecnologias da DirectBiz
, publicado no portal Mundo do Marketing